31 maio 2009

Cabo Verde, por Jean-Yves Loude


Cap-Vert. Notes Atlantiques é da autoria do jornalista e etnólogo Jean-Yves Loude com colaboração da etnóloga Viviane Lièvre; publicado em 1997 - Arles : Actes Sud - foi traduzido e publicado dois anos mais tarde pelas Publ. Europa-América.
Faz parte de uma série de obras dos dois autores, que de 1994 a 1999 se interessaram por Cabo Verde e viajaram nas ilhas recolhendo sons, imagens, histórias.
Carlos Moreira Gonçalves desenhou as 10 gravuras que, como cartas de jogar, representam a sua visão das ilhas caboverdianas. Deixamos aqui, a gravura dedicada à ilha do Fogo.
No Fogo, para este livro, foram seus acompanhantes na descoberta da ilha, Fausto do Rosário, Ernesto Alves, Artur Cardoso e os algerianos Khalil e Abdou. Vale a pena ler !

19 maio 2009

Museu de S. Filipe comentado a partir do Mindelo

João Branco, no seu blog Café Margoso, dedica o Café da Semana ao nosso Museu.

Agradecemos a divulgação e desejamos que as visitas a S. Filipe e ao Fogo - para ver o Museu e não só - se multipliquem e permitam fomentar o debate e activar a programação museológica no arquipélago.

Em prol do Turismo Cultural e de uma maior proximidade entre profissionais na área da Cultura e do Turismo nas várias ilhas muito importa fazer - pelo diálogo é que vamos, aceitando críticas e reflectindo acerca das nossas práticas laborais !

17 maio 2009

Memórias da Emigração: no Museu de S. Filipe


Se não chove, morre-se de sede
Se chove, morre-se afogado
Sina de Cabo Verde, de Gabriel Mariano

Uma das temáticas abordada no Museu Municipal de S. Filipe é a da emigração.

O clima seco determinou, desde o início da colonização de Cabo Verde, períodos de fome; estes, associados a doenças e a pragas, foram responsáveis por exemplo pela morte de cerca de 82 mil pessoas entre 1900 e 1947. A última grande fome - Fomi 1947 - matou 30 000 pessoas.
No século XIX, os navios baleeiros norte-americanos com escala no arquipélago atraiam as populações para além-mar. As ilhas Brava e Fogo foram as maiores fornecedoras de mão-de-obra para a emigração.

Destacam-se quatro vagas migratórias na história do arquipélago:

1900 - 1920: 27 765 emigrantes - 18 629 para os E.U.América; 3 765 para a Guiné e Dakar; 1 968 para a América do Sul;

1927 - 1945: queda do número de saídas (10 120 emigrantes) e desvio da corrente migratória para Portugal (3 336), Dakar e Guiné (2 969), E.U.A. (1 408) e América do Sul (1 203). Em 1941-1942, a fome provoca na ilha do Fogo a morte de cerca de 31% da população. Vozes locais se insurgem-se contra o poder colonial, como a de Nho Abílio Macedo, Agnelo Henriques, administrador do Concelho do Fogo e seu irmão António Henriques - poder colonial fascista enviou-os para a prisão do Tarrafal e para o degredo em S. Tomé.

1946 - 1973: grande diáspora, destinada ao continente europeu, com falta de mão-de-obra para a reconstrução do pós-guerra.
Ao longo da 1ª metade do século XX, assiste-se também à emigração, forçada pelo Estado colonial, para as plantações de S. Tomé e Príncipe.

Após 1974 – o fluxo migratório destina-se sobretudo para Portugal e Espanha, constituído quer por homens quer por mulheres, e concentram-se em Portugal sobretudo na região de Lisboa e Vale do Tejo.

Algumas peças recolhidas na cidade - ex. mala saquedo e máquina de escrever da empresa do proprietário foguense de Ernestina -, são apresentadas no Museu, e relembram a vida de um dos proprietários da embarcação Ernestina, imortalizada na nota de 200$00 cabo-verdianos; o veleiro foi um dos principais barcos que conduziram vagas de emigrantes do Fogo para os Estados Unidos da América, após iniciar o serviço como transatlântico em 1947.
Uma entrevista a Nha Filó - filha de Henrique Mendes, proprietário foguense do Ernestina - relembra um pouco dos tempos duros da emigração forçada para S. Tomé e da busca de nova vida em terras norte-americanas.
Ernestina - oferecida por Cabo Verde aos Estados Unidos da América em 1982 - foi recentemente restaurada, aos 115 anos, em New Bedford e em 2010 poderá visitar Cabo Verde.

A emigração mantem-se como constante na vida do arquipélago e o tema constitui uma das áreas de investigação por parte deste Museu.
O turista atento que visita as ilhas - como a do Fogo - pode não compreender a existência, um pouco por todo o lado, e com diversos usos (ex. usados como vasos de flores), de inúmeros bidons: chegam com bens diversificados enviados pelos emigrantes para a família; substituiram os antigos sacos de pano.

Se pretender doar peças - passaportes antigos, sacos de transporte de bens para a família, fotografias,... - ao Museu Municipal de S. Filipe, para enriquecer o acervo relacionado com a emigração, contacte-nos através do seguinte e-mail:
museu.municipal@cvtelecom.cv

E não se esqueça: visite-nos !

18 de Maio, Dia dos Museus - e em Cabo Verde ?

Comemora-se a 18 de Maio o Dia Internacional dos Museus, instituido em 1977 pelo Conselho Internacional dos Museus (ICOM) com o objectivo de apelar para a importância cultural dos museus na sociedade e aproximar os profissionais dos seus públicos. O website do ICOM, disponível em inglês e francês, fornece muita informação quer aos profissionais da área museológica, quer ao público em geral.
O ICOM Portugal permite o acesso a muita dessa documentação e orientações internacionais em língua portuguesa, além de divulgar programação de museus portugueses.

Um interessante artigo acerca de Museus e Turismo em Cabo Verde pode ser lido - e sugerimos que seja também comentado - em A Semana ! Não deixe de reflectir acerca da realidade museológica do arquipélago, pois é um Futuro que importa valorizar !

O Museu Municipal de S. Filipe tem novo horário: das 10h00 às 15h00; encerra à 2ª feira.

Visite-o !