22 fevereiro 2015

Escravos e Escravatura em Portugal...

No programa História a História, da RTP, o historiador Fernando Rosas fala sobre  a História dos Escravos e da Escravatura em Portugal. Veja aqui o episódio, que foi para o ar no dia 8 de Fevereiro último.
As origens do tráfico, no quadro da expansão ultramarina dos séculos XV-XVI, a identificação dos locais de tráfico em Lisboa e noutros locais de Portugal, aspectos do quotidiano, a «criação» de escravos em Vila Viçosa, os direitos dos proprietários esclavagistas, a situação de Cabo Verde como entreposto fulcral no comércio negreiro, são alguns dos assuntos abordados, até ao movimento abolicionista e à conclusão de que só com a independência das colónias africanas - após a Revolução de 25 de Abril de 1974 - se pode assumir a libertação desta tormenta.


Uma produtora cinematográfica que se tem dedicado à investigação e recolha de testemunhos orais e histórias diversas em torno das consequências da escravatura é a Txanfilm
Contract é um dos filmes mais marcantes que trazem a história da escravatura até aos nossos dias.

O website do Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto é uma fonte que permite aceder a estudos e notícias diversas sobre este e outros temas, e uma bibliografia lusófona diversificada.

Também - para uma visão de âmbito mundial - muitas outras fontes estão disponíveis, por exemplo, no African Activist Archive Project.




17 fevereiro 2015

Escravidão, Resistências e Identidades em workshop

Descubra o programa e para mais informações, clique aqui.


Erupção vulcânica no fim desde 8 de Fevereiro

Cone eruptivo no dia 9 de Fevereiro às 13h. Fonte: UNICV

Segundo dados divulgados pela Universidade de Cabo Verde, o processo eruptivo terminou a 8 de Fevereiro último.
Pode ler o relatório aqui.

São boas notícias para Todos Nós!

18 janeiro 2015

O vulcão do Fogo




A principal estrutura vulcânica da ilha do Fogo é o vulcão Monte Amarelo, que constitui a própria ilha; formado por camadas de lavas e piroclastos, é um caso típico de estratovulcão. A cratera - 100 a 200 m de profundidade e 500 m de diâmetro -, domina a paisagem e constitui um conjunto natural espectacular formado pelo vulcão, a Chã e a Caldeira. No Pico do Fogo não se regista actividade eruptiva desde o final do séc. XVIII.

…até ao século XX

Desde o início do povoamento – séc. XV – até 1995 registaram-se mais de 20 erupções na Chão das Caldeiras, as últimas das quais em cones adventícios, situados na Chã e formados na base do vulcão principal (pico); pelos cones sairam os produtos vulcânicos como lavas e piroclastos.
Eleva-se em forma de cone, com arribas abruptas no contorno litoral, apenas com duas fajãs: Casinha-Bombardeiro e Mosteiros. Dezenas de cones adventícios estão dispostos em torno de cone principal., muitos deles estão hoje cobertos de vegetação e trabalhados em socalcos.

O Vulcão da Fogo parece ter estado activo desde o povoamento até meados do séc. XVIII. Há notícia de erupções em 1500, 1564, 1596, 1604, 1664, 1721-25, 1761 e 1769. A sua actividade posterior tornou-se mais intermitente, registando-se curtos períodos efusivos nos anos de 1785 – ano em que foi observada pela primeira vez por um naturalista, João da Silva Feijó; 1799,1816, 1847, 1851, 1852 (neste ano o governador Fortunato José Barreiros deslocou-se ao Fogo para ver a erupção), 1857 e 1951.

Em 1847, a erupção destruiu muita terra arável, mas não houve vítimas humanas. A lava cobriu a costa ao longo de 2 a 3 milhas, em direcção ao mar, conta John Rendall. Só em 1870, o primeiro europeu desceu à cratera do pico mais alto do Fogo - foi Guilherme Augusto de Brito Capelo (1839-1926), que acompanhava uma expedição francesa à ilha.

1951 e 1995

Teixeira de Sousa, em Ilhéu de Contenda, descreve a erupção de 1951:

«A terra tremeu forte. Logo por trás da serra vimos rolos de fumo subindo. Gritaria, correria, desmaios, a população de S. Filipe entrou em pânico. Sobre a cidade começou a chover uma poeira negra como azeviche. Em minutos ficaram as ruas, os telhados, cobertos desse pó negro. Parecia uma cidade de luto.»
Quarta semana. Imagem do site Orlando Ribeiro.

A erupção iniciou-se a 12 de Junho, onde se formam os cones do Monte Orlando - designação dada para homenagear Orlando Ribeiro - e Monte Rendall, assim chamado em memória do Administrador do Concelho à data: Luís Silva Rendall. A lava escorreu em vários braços, destruindo por exemplo a povoação de Cova Matinho e os terrenos de cultura.

A 2 de Abril de 1995, ocorreu a última erupção do século XX, precedida de sismos nos 5 dias anteriores. As cinzas cobriram cerca de 88 km2 e o cone e a lava ocuparam cerca de 4,7 km2.

«Observaram-se fortes explosões de gás e geraram-se fontes de lava com mais de 400 metros de altura. Bombas vulcânicas plásticas, de dimensões até 4 metros, atingiram distâncias de 250 metros a partir da fissura principal, com cerca de 2 km de comprimento. Uns espessa coluna eruptiva atingiu, nesta fase, uma altura da ordem dos 500 metros.(…) A actividade vulcânica terminal foi de estilo estromboliano, menos intensa e acompanhada por importantes emissões fumarólicas.», que se mantiveram até Outubro de 1996.

2014-2015
Acompanhe aqui a evolução da actividade vulcânica.

«Homi grandi» em erupção desde 23.11.2014

Com esta primeira notícia de 23 de Novembro, fomos surpreendidos pelo Homi Grandi: uma chuva de areia e o cheiro a queimado atingiam a cidade de S. Filipe. 

A erupção começou cerca das 10h da manhã, mas a actividade sísmica tinha já sido identificada antes. É a 27.ª erupção desde 1500.


A anterior erupção teve início a 2 de Abril de 1995 e foi a segunda do século XX; a primeira ocorreu em 1951. Em 1995, desapareceram uma aldeia, campos de cultivo e diversas infraestruturas; foi, à data, criado um conjunto de casas para acolhimento de desalojados que receberam as da actual erupção (ainda em curso).


Bruno Faria, do Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INMG) de Cabo Verde, afirmava a semelhança com a erupção de 1951, bem como o facto do nível de actividade ter passado de 1 para 3 de um dia para o outro. O risco eminente de erupção já tinha sido assinalado pelo INMG na véspera, pois a actividade vulcânica tinha-se intensificado nos dias anteriores. Às 12h00 de dia 23, já se falava de nível 5. As ligações aéreas foram canceladas, e só a 9 de Janeiro se reiniciaram.

Entre os dias 24 e 25 de Novembro, a sede do Parque Natural do Fogo é devorada pela lava. Obra de grande envergadura arquitectónica, financiada pela cooperação alemã - que exigiu a construção perto do vulcão - não resistiu à natureza que homenageava.

No dia 27 de Novembro, a situação em Chã das Caldeiras é considerada uma «catástrofe», pelo Primeiro-Ministro.

A cronologia da erupção e respectivo quadro de destruição está aqui descrita de forma sucinta.

Poupando vidas humanas, à medida que as lavas aumentam de velocidade, destroem - em Chã das Caldeiras, Portela e Bangaeira - habitações, a escola, o posto de saúde, o Hotel Pedra Brabo, a Pensão Marisa, o posto policial, a delegação municipal, vias de acesso, igrejas, campos de cultivo e a adega de Chã. 

A população aproveita o abrandamento da actividade vulcânica para recolher produção agrícola - como feijão e café - , quer na Portela, quer em Dje de Lorna.

As operações de apoio à população e salvaguarda de bens decorreram com meios nacionais e internacionais - caso da Fragata Álvares Cabral, portuguesa, que chegou à ilha a 4 de Dezembro -, bem como com a solidariedade local.


A população de Chã das Caldeiras foi evacuada.  


O Observatório Vulcanológico da Universidade de Cabo Verde faz uma análise do primeiro mês de erupção: foram libertadas para a atmosfera mais de 220 mil toneladas de dióxido de enxofre. A equipa de vulcanólogos de Cabo Verde trabalha com outros peritos de Portugal e das Canárias e está a monitorizar a situação.


 

O geólogo Alberto da Mota Gomes analisa a situação à distância e compara os meios disponíveis no país entre 1995 e 2014.


Jorge Carlos Fonseca, Presidente da República, de visita a Fogo, considera prioritário pensar a fase pós-erupção, e considera indispensável que as populações deslocadas façam parte do processo de procura de soluções e saídas para a economia da região. 

Várias campanhas de solidariedade, com a população das áreas afectadas pela erupção vulcânica, decorrem quer nos territórios americanos da Diáspora, quer em Portugal - casos, por exemplos dos municípios de Palmela e Ourém - e noutros países.