Com esta primeira notícia de 23 de Novembro, fomos surpreendidos pelo Homi Grandi: uma chuva de areia e o cheiro a queimado atingiam a cidade de S. Filipe.
A erupção começou cerca das 10h da manhã, mas a actividade sísmica tinha já sido identificada antes. É a 27.ª erupção desde 1500.
A anterior erupção teve início a 2 de Abril de 1995 e foi a segunda do século XX; a primeira ocorreu em 1951. Em 1995, desapareceram uma aldeia, campos de cultivo e diversas infraestruturas; foi, à data, criado um conjunto de casas para acolhimento de desalojados que receberam as da actual erupção (ainda em curso).
Bruno Faria, do Instituto Nacional de Meteorologia e
Geofísica (INMG) de Cabo Verde, afirmava a semelhança com a erupção de 1951,
bem como o facto do nível de actividade ter passado de 1 para 3 de um dia para
o outro. O risco eminente de erupção já tinha sido assinalado pelo INMG na
véspera, pois a actividade vulcânica tinha-se intensificado nos dias
anteriores. Às 12h00 de dia 23, já se falava de nível 5. As ligações aéreas foram canceladas, e só a 9 de Janeiro se reiniciaram.
Entre os dias 24 e 25 de Novembro, a sede do Parque Natural do Fogo é devorada pela lava. Obra de grande envergadura arquitectónica, financiada pela cooperação alemã - que exigiu a construção perto do vulcão - não resistiu à natureza que homenageava.
No dia 27 de Novembro, a situação em Chã das Caldeiras é considerada uma «catástrofe», pelo Primeiro-Ministro.
A cronologia da erupção e respectivo quadro de destruição está aqui descrita de forma sucinta.
Poupando vidas humanas, à medida que as lavas aumentam de velocidade, destroem - em Chã das Caldeiras, Portela e Bangaeira - habitações, a escola, o posto de saúde, o Hotel Pedra Brabo, a Pensão Marisa, o posto policial, a delegação municipal, vias de acesso, igrejas, campos de cultivo e a adega de Chã.
A população aproveita o abrandamento da actividade vulcânica para recolher produção agrícola - como feijão e café - , quer na Portela, quer em Dje de Lorna.
As operações de apoio à população e salvaguarda de bens decorreram com meios nacionais e internacionais - caso da Fragata Álvares Cabral, portuguesa, que chegou à ilha a 4 de Dezembro -, bem como com a solidariedade local.
A população de Chã das Caldeiras foi evacuada.
O Observatório Vulcanológico da Universidade de Cabo Verde faz uma análise do primeiro mês de erupção: foram libertadas para a atmosfera mais de 220 mil toneladas de dióxido de enxofre. A equipa de vulcanólogos de Cabo Verde trabalha com outros peritos de Portugal e das Canárias e está a monitorizar a situação.
O geólogo
Alberto da Mota Gomes analisa a situação à distância e compara os meios disponíveis no país entre 1995 e 2014.
Jorge
Carlos Fonseca, Presidente da República, de visita a Fogo, considera
prioritário pensar a fase
pós-erupção, e considera indispensável que as populações deslocadas façam
parte do processo de procura de soluções e saídas para a economia da região.
Várias
campanhas de solidariedade, com a população das áreas afectadas pela erupção
vulcânica, decorrem quer nos territórios americanos da Diáspora, quer em
Portugal - casos, por exemplos dos municípios
de Palmela e Ourém - e
noutros países.
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