18 janeiro 2015

O vulcão do Fogo




A principal estrutura vulcânica da ilha do Fogo é o vulcão Monte Amarelo, que constitui a própria ilha; formado por camadas de lavas e piroclastos, é um caso típico de estratovulcão. A cratera - 100 a 200 m de profundidade e 500 m de diâmetro -, domina a paisagem e constitui um conjunto natural espectacular formado pelo vulcão, a Chã e a Caldeira. No Pico do Fogo não se regista actividade eruptiva desde o final do séc. XVIII.

…até ao século XX

Desde o início do povoamento – séc. XV – até 1995 registaram-se mais de 20 erupções na Chão das Caldeiras, as últimas das quais em cones adventícios, situados na Chã e formados na base do vulcão principal (pico); pelos cones sairam os produtos vulcânicos como lavas e piroclastos.
Eleva-se em forma de cone, com arribas abruptas no contorno litoral, apenas com duas fajãs: Casinha-Bombardeiro e Mosteiros. Dezenas de cones adventícios estão dispostos em torno de cone principal., muitos deles estão hoje cobertos de vegetação e trabalhados em socalcos.

O Vulcão da Fogo parece ter estado activo desde o povoamento até meados do séc. XVIII. Há notícia de erupções em 1500, 1564, 1596, 1604, 1664, 1721-25, 1761 e 1769. A sua actividade posterior tornou-se mais intermitente, registando-se curtos períodos efusivos nos anos de 1785 – ano em que foi observada pela primeira vez por um naturalista, João da Silva Feijó; 1799,1816, 1847, 1851, 1852 (neste ano o governador Fortunato José Barreiros deslocou-se ao Fogo para ver a erupção), 1857 e 1951.

Em 1847, a erupção destruiu muita terra arável, mas não houve vítimas humanas. A lava cobriu a costa ao longo de 2 a 3 milhas, em direcção ao mar, conta John Rendall. Só em 1870, o primeiro europeu desceu à cratera do pico mais alto do Fogo - foi Guilherme Augusto de Brito Capelo (1839-1926), que acompanhava uma expedição francesa à ilha.

1951 e 1995

Teixeira de Sousa, em Ilhéu de Contenda, descreve a erupção de 1951:

«A terra tremeu forte. Logo por trás da serra vimos rolos de fumo subindo. Gritaria, correria, desmaios, a população de S. Filipe entrou em pânico. Sobre a cidade começou a chover uma poeira negra como azeviche. Em minutos ficaram as ruas, os telhados, cobertos desse pó negro. Parecia uma cidade de luto.»
Quarta semana. Imagem do site Orlando Ribeiro.

A erupção iniciou-se a 12 de Junho, onde se formam os cones do Monte Orlando - designação dada para homenagear Orlando Ribeiro - e Monte Rendall, assim chamado em memória do Administrador do Concelho à data: Luís Silva Rendall. A lava escorreu em vários braços, destruindo por exemplo a povoação de Cova Matinho e os terrenos de cultura.

A 2 de Abril de 1995, ocorreu a última erupção do século XX, precedida de sismos nos 5 dias anteriores. As cinzas cobriram cerca de 88 km2 e o cone e a lava ocuparam cerca de 4,7 km2.

«Observaram-se fortes explosões de gás e geraram-se fontes de lava com mais de 400 metros de altura. Bombas vulcânicas plásticas, de dimensões até 4 metros, atingiram distâncias de 250 metros a partir da fissura principal, com cerca de 2 km de comprimento. Uns espessa coluna eruptiva atingiu, nesta fase, uma altura da ordem dos 500 metros.(…) A actividade vulcânica terminal foi de estilo estromboliano, menos intensa e acompanhada por importantes emissões fumarólicas.», que se mantiveram até Outubro de 1996.

2014-2015
Acompanhe aqui a evolução da actividade vulcânica.

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